Automedicação é um procedimento caracterizado
fundamentalmente pela iniciativa de um doente, ou de seu responsável, em obter
ou produzir e utilizar um produto que acredita que lhe traga benefícios no
tratamento de doenças ou alívio de sintomas.
Através de estudos
constatados por diversos autores no contexto da automedicação os principais
grupos de medicamentos em destaque são: os inibidores de apetite, analgésicos,
vitaminas e anticoncepcionais. Quanto à racionalidade biomédica, considera-se
racional apenas uma minoria e que a população apresenta um nível de expectativa
exagerado em relação aos medicamentos.
O
consumo de medicamentos é um indicador indireto de qualidade dos serviços de
saúde, assim como da propaganda dirigida a médicos e populações. Seu estudo
pode ser utilizado também para identificar a necessidade de intervenções
específicas com: esclarecimento à população quanto ao seu uso adequado;
formação e educação continuada de profissionais da saúde para a prescrição
racional; identificação de populações em risco de consumo crônico de
medicamentos inadequados. Além disso, pode subsidiar a elaboração de políticas
públicas para conter a venda e o uso de medicamentos desnecessários.
Outro termo comum de se encontrar é a automedicação
responsável que seria a prática pela
qual indivíduos tratam seus problemas de saúde com medicamentos aprovados e
disponíveis para serem adquiridos sem prescrição, e que sejam seguros e
efetivos quando utilizados como indicado.
A automedicação
responsável requer que:
·
Os medicamentos
utilizados sejam de segurança, qualidade e eficácia comprovadas;
·
Os medicamentos utilizados sejam aqueles indicados para “condições”
auto-reconhecíveis e para algumas condições crônicas ou recorrentes (seguindo
um diagnóstico médico inicial). Em todos os casos, estes medicamentos devem ser
especificamente designados para o propósito, e requerem dose e forma
farmacêutica apropriadas.
A automedicação é um
fato que acontece muito em nossa comunidade. Em alguns momentos ela é
necessária, pois se passamos um dia inteiro estressante, tomamos um banho de
chuva e chegamos em casa com dor de cabeça, é normal que tomemos um analgésico.
Mas existem casos em que a automedicação é altamente prejudicial à saúde, por
exemplo, em relação ao uso indiscriminado de antibióticos. A indústria
farmacêutica infelizmente não produz antibióticos na mesma velocidade em que as
bactérias se tornam resistentes. Por isso, nós agentes da saúde devemos alertar
as pessoas menos favorecidas do risco de tomar antibióticos sem o conhecimento
do médico.
Devemos patrulhar
médicos e balconistas que dão sua ajuda considerável para o desenvolvimento de
bactérias multiresistentes. O médico porque geralmente prescreve o antibiótico
mais potente (última geração), para não correr o risco de não curar o paciente
e colocar em dúvida sua eficiência. O balconista porque gosta de vender o
antibiótico mais caro, já que eles ganham por comissão, geralmente vendendo um
potente bactericida. A população também dá sua ajuda, não tomando devidamente o
medicamento.
A automedicação pode
mascarar sintomas de doenças, portanto, no caso de quadro clínico persistente
procurar o médico urgentemente. Ou seja, se você sempre tem uma dor localizada,
um mal estar sem causa aparente, é bom ir ao médico porque alguma coisa está
errada. Para evitar o uso indevido de antibióticos o ideal seria fazer o TSA
(Teste de Suscetibilidade a Antibióticos) também conhecido por antibiograma.
Este teste demora aproximadamente 48 horas e indicam quais são os antibióticos
capazes de exterminar a bactéria. A automedicação não é somente importante no
uso de antibióticos, mas também em caso de hipertensão arterial que as pessoas
têm cefaléia intensa e com o uso contínuo de analgésicos acabam mascarando os
sintomas.
É bom lembrar que
quando usufruirmos uma cervejinha, um cigarrinho ou um cafezinho, muitas vezes
nós estamos exercendo uma automedicação, já que essas substâncias são usadas
para relaxamento (álcool e nicotina) e despertamento (cafeína), portanto como
qualquer outra droga elas causam graves efeitos adversos ao organismo.(Revista
Saúde pública – 2000).
Renata Almeida – Farmacêutica